Jornal do CRP / 06 / Delegados definem plataforma para o Conselho Federal
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Área
COMUNICAÇÃO SOCIALProcesso
Processos de ComunicaçãoDate
1982-07Author
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - 6ª Região
Metadata
Show full item recordAbstract
Mobilização é o Caminho
Saiu enfim, a instrução normativa da Receita Federal que reconhece as despesas com assistência psicológica
como dedutível para eleito de cálculo do Imposto de Renda. Não resta a menor dúvida de que se
trata de uma importante vitória conseguida pela categoria. Afinal no processo de luta pela definição e pelo
reconhecimento de nossa identidade profissional, essa medida representa um marco significativo: um órgão governamental
concorda, através de um ato de enorme repercussão, que o psicólogo ó um profissional da saúde.
Esse significado chega a tornar Irrelevante o beneficio que a deliberação traria aos colegas que trabalham
em clinicas particulares, favorecidos pela não evasão de clientes (até então um risco decorrente do fato de não
poderem fornecer recibos válidos para o Imposto de Renda). Na verdade, ela representa o fim de uma discriminação
contra o nosso trabalho. A psicoterapia, até então, se feita por médico obtinha reconhecimento como algo que
tem a ver com a saúde: se feita por psicólogo, não. Corrigida essa anomalia no âmbito tributário, apenas um passo foi dado.
Porque as torças conservadoras, tipificadas há muito pouco tempo pela investida do Projeto Julianelli. continuam
agindo no sentido de manterem o monopólio do saber e da ação no que diz respeito a saúde do povo. Com o fim
de garantirem privilégios sociais e econômicos. Contra elas temos que lutar se quisermos construir um modelo
assistencial não paternalista e voltado para os interesses reais de toda a população. Diante dessa perspectiva, é bom
que nos detenhamos para uma constatação da maior relevância. A luta pelo direito de abatimento de despesas
com psicólogos no cálculo do Imposto de Renda é um trabalho que vem sendo desenvolvido há cerca de uma
década. Só que até há bem pouco tempo , era uma reivindicação levada exclusivamente a nível de parlamentação
de cúpula. Os órgãos da categoria vinham sendo dirigidos como se tossem pais, a prover as necessidades de
seus filhos; a proposta da liderança era falar em nome dos psicólogos,substituindo-os na prática politica.
A vitória na questão do Imposto de Renda só veio porque, nos últimos tempos, a prática mudou. Os psicólogos
se reuniram, em todo o Brasil, para discutir o problema. O encaminhamento das soluções não saiu da cabeça
dos dirigentes, mas foi resultado da reflexão em pequenas e grandes reuniões, do posicionamento através de
abaixo-assinados e de meios de divulgação. Enfim, ninguém fez pelos psicólogos: os representantes foram cobrados
para respeitarem os caminhos que a categoria tal delineando e criando no decorrer da luta. E quando em
contato com os poderosos sabiam estes que não se tratava de conversa ao pé do ouvido. Os profissionais estavam
atentos, acompanhando cada passo, questionando cada ação de sua liderança e prontos para exigir o que consideram o seu direito.
Essa postura de responsabilidade coletiva deu força ao movimento. É a grande lição. Há muitas outras conquistas
a serem efetuadas. muitas outras batalhas a serem empreendidas.E a mobilização provou, mais uma vez
na História, ser o grande caminho para as conquistas de natureza social. Só na medida em que a sociedade civil
se organize e assuma seus próprios interesses, sem tutores, é que poderá impor relações sociais mais justas.
Nosso espaço profissional é um caso particular dessas almejadas novas relações sociais.
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- CRP SP [255]