dc.description.abstract | Programação de eventos em comemoração a Semana de Luta Antimanicomial.
A emergência de expectativas e projeções coletivas que impulsionam as pessoas à esperança ou à desilusão.
Mas, inevitavelmente, todos arriscam apostar em mudanças.
É com a esperança de um tempo de forças renovadas, que o Encontro Cidade de São Paulo: 10 anos de produção
antimanicomial buscará refletir acerca das construções e desconstruções de ideias, teorias, projetos e políticas voltados
para a superação das relações manicomiais que se fazem permanentemente presentes no nosso cotidiano, agravadas pelas
condições impostas pela modernidade - falta de emprego, de moradia, fome, violência...
O ponto de partida para estas reflexões é o ano de 1989.
Ano em que o poder público municipal, sob o Governo Democrático e Popular, inicia um processo de reestruturação
das políticas públicas, ousando, no âmbito da saúde mental, revelar os mecanismos discriminatórios e violentos sobre a
loucura e o sofredor mental e, desse modo, criar estratégias em prol da defesa e construção da cidadania dos excluídos. Como
parte das estratégias, buscou combater a cultura manicomial de massa, estabelecer o enfrentamento político e legislativo ao
hospital psiquiátrico, implantar uma rede de atenção em saúde mental substitutiva ao modelo hospitalocêntrico e investir em
ações articuladas com a educação, meio-ambiente, habitação, esporte e cultura.
O grande desafio deste Encontro será analisar o quadro atual das políticas públicas no Brasil e o desinvestimento no Sistema
Único de Saúde, a partir da compreensão do cenário políticoeconônico neoliberal que assola a América Latina e tantos outros
países empobrecidos de autonomia, com sua identidade cultural diluída num processo de globalização. O desafio desta
proposição no atual cenário nacional aponta a importância de múltiplos parceiros na efetivação desta tarefa ética e política com
a cidade de São Paulo.
Para tal intento, a articulação entre comunidade científica, trabalhadores e estudantes, as associações de usuários e
familiares, conselhos profissionais, sindicatos, institutos, organizações não governamentais, segmentos do poder judiciário
e legislativo, entre outros, tornará possível a realização deste desafio. Uma articulação que, em São Paulo, se expressa através
da constituição do Fórum Paulistano Antimanicomial pela Cidadania e Direitos Humanos.
É com a urgência de um tempo de manifestação de subjetividade de fartura de ideias e disponibilidades que comemoramos
o prenúncio de uma sociedade sem manicômios, que efetue mudanças nas instituições, nos valores, nas crenças e nas
relações construídas historicamente.
Vamos presentear o futuro milénio com a memória de nossas conquistas que, certamente, irão ressignificar a história de
nossa cidade. | pt_BR |