dc.description.abstract | Carta aberta a quem de direito SE OS GOVERNOS,
PSIQUIATRAS, PSICÓLOGOS,
ASSISTENTES
SOCIAIS TÊM O VEREDICTO
DA SOCIEDADE,
O LOUCO NÃO
TEM.
O louco não tem o veredicto
da sociedade. O Governo,
o psiquiatra, o assistente
social, sim. A estes
cabe o poder do diagnóstico.
Mas quantas supostas
patologias são meras
classificações, que vagueiam
na complexidade
da dinâmica do inconsciente
e das verdadeiras
razões da loucura. Resultado:
o "louco", o desadaptado
social, não são
ouvidos. Eles sofrem de
tanto enquadramento...
È, portanto, legitimo
que sua concepção de realidade
seja ouvida. Ela expressa
o caráter social do
qual a loucura é um dos
sintomas. Cabe ao profissional
de saúde levantar
questões como essa. Não
para fazer disso mero objeto
de estudo científico,
mas para direcionar sua
modalidade de tratamento.
O indivíduo, se "louco"-,
precisa do sedativo de sua
doença como libertação e
construção de vida. Para
tratá-lo, importa pois
acordá-lo dessa contradição.
Esse instante, em que se
abre um novo espaço
político, é decisivo. Quantas
já não são as ideias
inovadoras e análises
críticas da antipsiquiatria,
psicanálise, contracultura,
teatro, poesia e dos movimentos
de vanguarda e
alternativos. O trabalho
proposto em equipes multiprofissionais
será também,
para os próprios profissionais,
um abrir de
olhos ao longo pesadelo,
onde se está mergulhado, a
fim de que passe a desvendar
o quanto são alienantes
e conciliatórias as "soluções"
de compromisso
entre as leis, costumes
normativos e e as contraregras.
Reconhecer as verdades
da loucura, no lugar de
encarcerá-las, tratar da
saúde, da saúde de cada
um e de todos — é a Saúde
Pública (Continua na versão digital) | pt_BR |