dc.description.abstract | Editorial
O processo eleitoral desencadeado em 1980 no âmbito do CRP-06 e que
culminou com a eleição do atual Conselho, representou, sem dúvida, mais do que uma questão sucessória. Nele se delineou, com marcante clareza, uma nova proposta de atuação, consubstanciada no programa da então Chapa 2. Identificada pela categoria como "oposição", na verdade ela la além da negação do status quo vigente ou dos meandros
das lutas pessoais: o programa refletia um esforço na busca de alternativas concretas para o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão.A vitória nas urnas de um grupo de psicólogos foi também a expressão majoritária da categoria na eleição de um
programa e de um conjunto de princípios de natureza Ideológica e política.Ao completar seu primeiro ano de gestão, o Conselho considera oportuno e necessário avaliar criticamente o trabalho já desenvolvido e, ao mesmo tempo,recolocar em discussão junto à categoria
o desenvolvimento do processo desencadeado — o assim proceder coerentemente com sua proposta de democratização.
Recordando o conteúdo programático, há que se ter em mente pelo menos dois eixos em torno dos quais se desenvolviam
as propostas: 1) A assunção, pelo CRP-06, de um papel não exclusivamente normalizador, mas Igualmente político, no sentido
de propugnar por uma sociedade mais justa, especialmente no que concerne ao direito da população de baixa renda em ter acesso ao atendimento psicológico. 2) Contribuir para a mobilização e
organização da categoria para que esta possa levar suas lutas de forma unitária e consequente. Objetivos tão amplos quanto complexos
não podem, evidentemente, ser considerados sob um ângulo estreito
como se fossem problemas Isolados, cuja solução Independesse das questões sociais mais gerais. Todavia, acreditando que a abordagem de aspectos parciais do problema poderá significar efetiva contribuição ao avanço das lutas da categoria e da sociedade naquela direção, pôde o CRP-06 participar ativamente ao lado de outras entidades de
classe nos movimentos mais Importantes registrados no período: a rejeição do "projeto Jullanelll", a questão do Imposto
de Renda, a demissão Injusta de psicólogo e professores.
A Intensa atividade das Comissões,por outro lado, tem levado à adoção de medidas capazes de aperfeiçoar o Conselho
na sua estrutura e funcionamento, bem como nas várias esferas de sua
atuação — ética, fiscalizadora, legislativa etc. Tal aperfeiçoamento, embora “sem se pretender definitivo — pois não é estático —, tem permitido a atualização dos meios e a consecução de metas
legitimamente aspiradas pela categoria. Consideradas como elementos essenciais para o sucesso do programa do Conselho, as Delegacias têm merecido especial atenção da atual gestão, mesmo porque tal é a exigência dos psicólogos das várias regiões do CRP-06. A Importância de uma Delegacia no atual estágio ó avaliável na medida em que é
considerada, no prisma do Conselho,como a responsável pela diferença entre o sucesso ou fracasso da proposta política do CRP-06. De fato, ela representa o elo entre os psicólogos do Conselho e seus colegas, o canal de participação e de atuação da categoria como um todo. Nesse sentido, e de forma Inédita, têm sido promovidas amplas reuniões entre todos os delegados, os membros de Comissões e Integrantes da diretoria
do Conselho. Diretrizes têm sido definidas, resoluções de ordem prática têm sido tomadas, enfim, as conexões entre teoria e prática têm sido estabelecidas no bojo desse esforço coletivo. Aspectos Importantes do programa, tais como a Implementação de uma política de saúde para a sociedade brasileira, o problema do mercado de trabalho,
não puderam ainda ser abordados de forma mais aguda e consequente,
conquanto já tenham exigido considerável esforço. Talvez a própria mobilização da categoria ainda seja Insuficiente para abordar tão graves problemas. Seja como for, o CRP-06 considera,à luz de uma avaliação serena, que é necessário caminhar multo mais do que caminhou na direção de multas de suas metas prioritárias. E mais: considera
Imprescindível a participação ativa de todos os psicólogos no Conselho — sem o que não terá sentido seu programa, nem força sua ação. | pt_BR |